Solidão

No texto passado vimos a relação entre a cuidadora e o/a idoso/a e as suas vantagens e terminamos o mesmo com a seguinte questão: “Será esta nova relação o suficiente para mitigar o sentimento de solidão de que muitos idosos sofrem?”.  Para encontrar a resposta precisamos primeiro de perceber o que é realmente a solidão. Segundo Weiss (1973) a solidão é um sentimento que consiste no isolamento emocional que resulta da perda ou inexistência de laços íntimos e do isolamento social, com a consequente ausência de uma rede social com os seus pares. No entanto, e apesar desta definição parecer completa, há que ressalvar que os idosos podem ter uma rede social extensa e sentirem-se sós na mesma. Este sentimento pode resultar de vários factores: situacionais e características pessoais. Os factores situacionais podem englobar a diminuição de contacto social, a alteração do estatuto social, perda relacional, redes sociais inadequadas, situações novas, entraves indirectos ao contacto social, fracasso e factores temporais. Com isto quer-se dizer que a situação referente às relações socio-afectivas do idoso nomeadamente ausência de contacto frequente com pessoas relevantes para si, alteração da capacidade de se relacionar e a perda de estatuto social entre os pares podem afectar a pessoa idosa. Mas em que é que isto se traduz efectivamente? Traduz-se na mudança de casa (pelas mais variadas razões), na incapacidade de sair de casa e beber café com os amigos habituais, na falta de visitas de familiares e amigos relevantes ou até mesmo no conhecimento público do seu processo de envelhecimento (que pode, ou não, impedir o idoso de se relacionar com os demais).  Para além disto há que ter em conta os factores pessoais de cada um. A presença de sintomas depressivos, a possível timidez ou introversão, a auto-estima, o auto-conceito e as habilidades sociais têm um papel muito significativo no possível desenvolvimento da solidão. Sendo estes os factores principais que conduzem uma pessoa ao sentimento de solidão o que é que pode ser feito para prevenir e ou numa fase mais tardia colmatar a mesma? Antes de mais importa compreender que o ser humano (independentemente da idade que tenha) é um ser social. Todos precisamos, em maior ou menor escala, de ter laços emocionais seguros que nos possam nutrir emocionalmente. Nenhuma relação pode ser substituída. Significa isto que todos os ente-queridos (amigos, familiares etc) que o idoso já perdeu não poderão ser substituídos por novas pessoas na sua vida. No entanto a presença de uma nova pessoa, como por exemplo uma cuidadora, pode ajudar a colmatar esta ausência. A presença da mesma nunca irá substituir o/ a esposo/a, mas ajuda a sentir a presença de outra pessoa que está ali para apoiar em tudo o que for necessário. E esta nova presença é, sem dúvida, uma forma de prevenir a existência do isolamento que falamos anteriormente. Porque ainda que a pessoa cuidada não consiga preparar um lanche para receber os amigos, arranjar-se para ir a um almoço de família ou até mesmo usar o computador para falar com um familiar que viva longe, a cuidadora estará sempre lá para garantir que isso acontece. Desta forma o bem-estar do/a idoso/a fica assegurado e os seus laços são mantidos. Na Home24 temos a política de que a cuidadora deve formar laços de confiança e empatia com a pessoa cuidada, mas nunca poderá substituir a família no que refere à manutenção dos cuidados afectivos tão essenciais ao bem-estar de cada um. Para aqueles que se interessarem por este tema aconselho um filme chamado “Our souls at night” que não só retrata a solidão que alguns sentem, mas também nos relembra que cada um tem a sua própria história de vida. História essa sobre a qual falaremos no próximo texto…até la!