January2021

Ano novo vida nova

 Na passagem do ano é muito comum fazerem-se as tradicionais promessas para o novo ano. Muitas vezes escrevemos num papel os nossos objectivos como se, por magia, ao estarem escritos os mesmos fossem ser alcançados. 2020 foi um ano atipicamente desafiador para todos. Foi um ano de clausura e afastamento dos familiares e amigos. Os sorrisos no rosto dos nossos mais queridos foram substituídos por máscaras que nos escondiam as suas expressões. O toque carinhosamente apaziguador foi substituído por distância cautelosamente guardada. Os cheiros caseiros, tão familiares, foram substituídos pelo cheiro a desinfetantes e a álcool. Os encontros felizes e amistosos foram substituídos pelas vídeo chamadas- muitas vezes confusas e com cortes (que a tecnologia as vezes é uma trapalhada). O Covid-19, designação que todos conhecemos e de que já não podemos ouvir falar passou a ser uma ameaça constante e modeladora daquilo que são as nossas práticas e vivências. Acontece que dia 26 do mês de Dezembro chegou a tão esperada vacina ao nosso país. Aquela que promete devolver alguma normalidade aos nossos dias que no último ano se tornaram tão obsessivos com desinfeção e distanciamento. Mas ainda estamos muito longe de voltar ao dia-a-dia normal. Acontece que quando todos nos enchíamos de esperança com a campanha de vacinação, ainda que se adivinhe demorada, surge uma nova estirpe do vírus, no Reino Unido, que é muito mais transmissível ainda que igualmente perigosa. Surge, portanto, a necessidade de voltarmos a reconfinar, voltar a reservar as saídas à rua para aquilo que é absolutamente essencial, proteger os mais velhos e os grupos de risco. Acreditando que, neste novo ano, seremos capazes de manter o contacto de forma mais segura e carinhosa ainda que à distância. Vários estudos, nomeadamente o de Samantha K Brooks, advogam que é essencial que se façam os possíveis para evitar os efeitos já identificados do confinamento prolongado tais como: stress pós-traumático, frustração e aborrecimento, falta de mantimentos, estigma etário e informação inadequada.  Ora os mais velhos estão em confinamento há largos meses e os efeitos desse mesmo confinamento estão ainda para serem vistos. É absolutamente essencial que, neste novo ano, tenhamos a capacidade de (com bom senso) ajudar os nossos mais velhos a encontrar um sentido para os dias que vão vivendo dentro do espaço em que estão confinados e isto pode ser feito através da realização de actividades lúdicas (pintura, jogos vários, leitura), contactos com outros amigos/familiares idosos que estejam igualmente em confinamento e até mesmo idas ao cinema/teatro dentro de casa. O importante, nesta fase de incerteza é manter o bom senso e a esperança de que, algures no tempo, vamos conseguir voltar às nossas vidas.

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