Blog Listing
Dia Mundial dos Avós
A grande maioria de nós define os avós como companheiros e cúmplices, que alinham nas nossas brincadeiras e que fazem tudo para nos agradar. Muitos tinham também mais tempo e disponibilidade que os nossos pais, embora alguns ainda trabalhem, como não se encontram em início ou pico de carreira estão mais aliviados das obrigações profissionais. Existem várias formas de se ser avó ou avô, também devido a vários fatores, Oliveira (2012), identifica três tipos de avós. Os avós cuidadores são aqueles que se dedicam a tomar conta dos netos e a dar assistência à família, assumindo-se muitas vezes como substitutos dos pais, pois vão levar e buscar as crianças à escola, cuidam delas durante as férias escolares, preparam-lhes as refeições e tratam do que for preciso. Depois existem os avós companheiros ou envolvidos, que aproveitam o tempo que estão com os netos de uma forma mais descontraída e lúdica sem a preocupação de os educar, no fundo dão um apoio complementar aos pais. Por fim, identifica os avós distantes, que por os mais variados motivos se encontram afastados do dia-a-dia dos netos. Na relação com os netos os avós contribuem com: Transmissão das histórias familiares, pois falam aos netos das suas raízes familiares, contribuindo para que a criança se conheça a si própria e fornecendo assim laços de filiação. Transmissão de tradições, pois em muitas situações são os avós que reúnem a família em determinadas festas e transmitem a cultura familiar, por exemplo as festas de Natal ou passagem de ano com ementas especiais da família, aniversários e também a passagem de objetos particulares como alianças, moveis, fotografias ou joias. Transmissão de valores, como o respeito pelo outro, o amor, a importância da família e das coisas simples, são alguns dos valores fundamentais transmitidos pelos avós. Para muitas crianças os avós são uma fonte de conhecimento, disponibilizando algum do seu tempo para explicar e responder às questões dos netos. Mais do que tudo isto, comummente, os avós são chamados de pais com açúcar que não só cuidam de nós como nos ensinam a cuidar à medida que vão envelhecendo e precisando de nós. Hoje, e a cada dia, é bom recordar a felicidade que é ter a presença destes nossos mais velhos que tanto nos ensinam.
Ler mais »O jogo do telefone estragado
Uma das maiores dificuldades e queixas dos dias de hoje, por parte dos mais velhos, é que falam e não se sentem realmente escutados. E não se referem, obviamente, a alguém que os oiça por si só. No âmbito das várias técnicas de comunicação existe uma chamada “escuta activa/empática”. A International Listening Association (ILA; 2012) define escuta activa como, “o processo de receber, construir significado e responder a mensagens faladas e / ou não verbais”. Rogers formulou a escuta empática como uma técnica comunicativa, que demonstra aceitação incondicional e reflexão imparcial da experiência do outro por meio da paráfrase da mensagem. Levitt (2001) identifica a escuta ativa como uma micro-habilidade que envolve ouvir atentamente e responder empaticamente para que a pessoa se sinta ouvida. A escuta activa consubstancia-se em três principais dimensões: 1) demonstrar envolvimento não verbal; 2) reflectir a mensagem da pessoa que está a ser escutada recorrendo à paráfrase verbal e 3) fazer perguntas que incentive a pessoa a desenvolver as ideias que está a expressar. E como é que podemos pôr esta técnica em prática para melhorar a comunicação com o nosso mais velho? Precisamente através da demonstração de interesse genuíno nas partilhas que o mesmo decide fazer connosco. Uma simples partilha sobre um programa que viu, um filme ou até mesmo uma conversa com a vizinha pode significar muito mais que o que parece à primeira vista. Muitas vezes utilizam o que vêm na televisão como recurso para expressar o que sentem e experiências passadas. É essencial escutar com sentido crítico que ajude a compreender porque é que aquela pessoa nos está a contar aquilo. Questionar-se sempre “porque é que o meu mais me está a contar isto?” e dar seguimento à conversa com interjeições que sustentem o real interesse no tema bem como com uma postura corporal que demonstre o interesse na conversa (sentar-se junto da pessoa ou inclinar-se para a mesma são indicadores de interesse) . Ainda que estejamos cansados e com falta de paciência a simples demonstração de interesse genuíno naquilo que nos estão a dizer pode fazer toda a diferença no bem-estar psicológico dos nossos mais velhos. A solidão é sem dúvida um mal comum que pode muito bem ser colmatado com pequenos gestos e técnicas comunicativas como esta.
Ler mais »Novas perspectivas
No texto passado vimos a importância da atenção e do cuidado perante a saúde mental dos nossos mais velhos. Vimos que, antes que o nível de deterioração mental seja elevado, existem inúmeros sinais e verbalizações por parte daqueles que sofrem uma agudização da sua saúde mental. Um dos incentivos principais que deixamos foi, precisamente, a procura de ajuda especializada que possa provir a pessoa idosa e os seus familiares de ferramentas para lidar com a situação com que se deparam. A palavra “psicologia” vem do Grego antigo psyque, que significa “mente”, e logos, que significa “conhecimento ou estudo”. Esta é uma ciência que usa procedimentos sistemáticos e objetivos de observação, medição e análise, apoiados por interpretações teóricas, generalizações, explicações e previsões para compreender o comportamento humano. Ora, existe a ideia generalizada de que a psicologia se foca principalmente no lado patológico da psique humana. Recentemente, nos Estados Unidos, surgiu uma nova corrente da psicologia. A psicologia positiva é o estudo científico daquilo que faz valer a pena viver. Os principais focos são: Experiências positivas (como felicidade, alegria, inspiração e amor), Sentimentos felizes (como gratidão, resiliência e compaixão) e instituições positivas. Ao contrário da psicologia tradicional a psicologia positiva usa o seu tempo para pensar sobre traços de caracter, otimismo, satisfação com a vida, felicidade, bem-estar, gratidão, compaixão, autoestima e esperança. Alguns estudos demonstram que os indivíduos podem suportar altos níveis de stress durante esta pandemia e, ainda assim, experienciar bem-estar mental. Foram identificados vários efeitos positivos como: maior foco na família, sentir-se abençoado por tudo o que se tem, ter fé no futuro. A ansiedade, o isolamento e problemas de sono coexistem com crescimento pessoal e gratidão na população geral. É importante compreender que, segundo a psicologia positiva, a felicidade é orientada para o presente, fundada no momento, enquanto o sentido vital é enraizado no passado, no futuro e na forma como este se liga com o futuro. Esta tese sugere que nos podemos focar no presente para aumentar a felicidade, mas se procuramos um sentido vital mais profundo devemos pensar no que foi (e ajudar a pensar) o passado e no que queremos que seja o futuro. E este trabalho, centrado no que há de bom e no que há para agradecer (independentemente de que religião ou espiritualidade se tenha), é um passo importante na prevenção do desenvolvimento de patologias e na promoção de um envelhecimento saudável e feliz. Porque revisitar as boas memórias do passado planeando os momentos felizes que queremos ter no futuro pode dar ao presente um sentido de propósito e uma felicidade que nesta altura é muito bem-vinda!
Ler mais »Mens sana in corpore sano
No último texto terminei com uma nota de esperança. Esperança de dias melhores, esperança numa melhoria no panorama geral que fosse garante de dias mais livres, mas não aconteceu. E não só mantivemos o dever geral de confinamento como vimos os números aumentarem como uma onda que promete derrubar-nos. Números de infetados e de mortos. Números tão constantes e tão avassaladores que hoje já não sabemos distinguir os números de ontem dos de anteontem. Números que são pessoas, pais, filhos, maridos/esposas, amigos, vizinhos. Pessoas que deixam, como sempre deixam aqueles que vão antes de nós, um sabor amargo na boca, a sensação de que podíamos ter feito mais e uma saudade tão tipicamente portuguesa. Ensinaram-nos, os mais velhos, que depois da tempestade vem sempre a bonança. Sabemos também que, quando muito perto, perdemos a capacidade de ver o todo. E é esta incapacidade paralisante que devemos evitar porque sem horizonte é impossível navegar. E esta sensação de perda de horizonte é muitas vezes manifestada através de comportamentos reveladores de transtorno de ansiedade. A ansiedade é um termo geral para vários distúrbios que causam nervosismo, medo, apreensão e preocupação. Os principais sintomas são: constante tensão ou nervosismo, sensação de que algo mau vai acontecer, problemas de concentração, medo constante, descontrolo de pensamentos nomeadamente dificuldade em esquecer o causador de tensão, preocupação exagerada, problemas de sono, irritabilidade e agitação motora. Naturalmente, cada um revela estes sintomas de maneira própria. O Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra realizou um estudo sobre o impacto do confinamento da qualidade de vida dos portugueses. Os resultados mostram que os respondentes que se encontravam em confinamento reportaram níveis elevados de ansiedade, uma menor qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS) e que pessoas com elevados níveis de ansiedade tenderam a ter menor QVRS. As mulheres e os idosos reportaram níveis mais altos de ansiedade e pior QVRS. Os níveis mais altos de ansiedade nos idosos podem ser explicados pelo fato de pertencerem ao grupo de risco da pandemia de COVID-19 (cit. Lara Noronha Ferreira). Ora a questão que se impõe é: com esta realidade que estamos a viver como é que evito o desenvolvimento da ansiedade no meu mais velho? E não sendo já possível evitar como é que reajo quando identificar sinais de ansiedade por forma a melhorar a sua qualidade de vida? Em primeiro lugar é absolutamente essencial uma abordagem cuidadosa pois, muitas vezes, a pessoa em questão não tem consciência do estado em que se encontra. É importante, através de um diálogo adequado e respeitoso, desconstruir os comportamentos como a preocupação ou o medo por forma a perceber se são justificáveis devido à situação em que nos encontramos ou se já estão presentes a um nível paralisante. O seu mais velho não consegue ver mais nada na televisão a não ser noticias? Não consegue manter um diálogo sobre outros temas? Verbaliza ter sintomas associados à ansiedade como insónias, tremores, sudorese excessiva, palpitações cardíacas ou outros? O mais indicado, se não conseguir através de uma acção constante de pacificação, diálogo e manobras de distração será procurar ajuda junto de um profissional de saúde mental. Lembrando sempre que não há mal nenhum recorrer a um profissional quando se precisa de ajuda e que a saúde mental é tão importante como a saúde física (não diria a alguém com uma dor paralisante na perna que não vale a pena ir ao médico que aquilo há-de passar, pois não?). Nestes tempos, em que é ainda incerto quanto mais tempo demorará até voltarmos a poder circular livremente, é absolutamente essencial cuidar também da saúde mental dos mais velhos. Manter uma conversação com um grau de complexidade adequado à pessoa, promover interacção social (a possível e segura dentro do quadro em que vivemos) e a participação activa nas tomadas de decisões- ainda que irrelevantes- são atitudes diferenciadoras do que será a prevenção da perca de capacidades cognitivas dos mais velhos. Porque as paredes não falam, a televisão não lhes responde e a interacção social e a capacidade de cognição também é uma actividade que precisa de prática para não se perder. Lembre-se: cuidar da saúde mental é cuidar da pessoa que ama porque, também os mais velhos nos ensinaram , “mente sã, corpo são”.
Ler mais »Ano novo vida nova
Na passagem do ano é muito comum fazerem-se as tradicionais promessas para o novo ano. Muitas vezes escrevemos num papel os nossos objectivos como se, por magia, ao estarem escritos os mesmos fossem ser alcançados. 2020 foi um ano atipicamente desafiador para todos. Foi um ano de clausura e afastamento dos familiares e amigos. Os sorrisos no rosto dos nossos mais queridos foram substituídos por máscaras que nos escondiam as suas expressões. O toque carinhosamente apaziguador foi substituído por distância cautelosamente guardada. Os cheiros caseiros, tão familiares, foram substituídos pelo cheiro a desinfetantes e a álcool. Os encontros felizes e amistosos foram substituídos pelas vídeo chamadas- muitas vezes confusas e com cortes (que a tecnologia as vezes é uma trapalhada). O Covid-19, designação que todos conhecemos e de que já não podemos ouvir falar passou a ser uma ameaça constante e modeladora daquilo que são as nossas práticas e vivências. Acontece que dia 26 do mês de Dezembro chegou a tão esperada vacina ao nosso país. Aquela que promete devolver alguma normalidade aos nossos dias que no último ano se tornaram tão obsessivos com desinfeção e distanciamento. Mas ainda estamos muito longe de voltar ao dia-a-dia normal. Acontece que quando todos nos enchíamos de esperança com a campanha de vacinação, ainda que se adivinhe demorada, surge uma nova estirpe do vírus, no Reino Unido, que é muito mais transmissível ainda que igualmente perigosa. Surge, portanto, a necessidade de voltarmos a reconfinar, voltar a reservar as saídas à rua para aquilo que é absolutamente essencial, proteger os mais velhos e os grupos de risco. Acreditando que, neste novo ano, seremos capazes de manter o contacto de forma mais segura e carinhosa ainda que à distância. Vários estudos, nomeadamente o de Samantha K Brooks, advogam que é essencial que se façam os possíveis para evitar os efeitos já identificados do confinamento prolongado tais como: stress pós-traumático, frustração e aborrecimento, falta de mantimentos, estigma etário e informação inadequada. Ora os mais velhos estão em confinamento há largos meses e os efeitos desse mesmo confinamento estão ainda para serem vistos. É absolutamente essencial que, neste novo ano, tenhamos a capacidade de (com bom senso) ajudar os nossos mais velhos a encontrar um sentido para os dias que vão vivendo dentro do espaço em que estão confinados e isto pode ser feito através da realização de actividades lúdicas (pintura, jogos vários, leitura), contactos com outros amigos/familiares idosos que estejam igualmente em confinamento e até mesmo idas ao cinema/teatro dentro de casa. O importante, nesta fase de incerteza é manter o bom senso e a esperança de que, algures no tempo, vamos conseguir voltar às nossas vidas.
Ler mais »Ser idoso em plena pandemia
Este foi o mês das celebrações do dia mundial do idoso. O mês em que, por excelência as várias instituições tentam, através das formas mais criativas celebrar a vida e repensar o processo de envelhecimento dos seus idosos. No entanto este ano terá sido, com toda a certeza, bem diferente. Este ano, estes idosos viram e continuam a ver as suas vidas em pausa até haver ordem em contrário- e que bem que a têm cumprido. Importa saber realmente de quantas pessoas estamos a falar e em que situação de vida se encontram. Segundo o INE, em 2019, existiam 2.280.424 pessoas com mais de 65 anos. Já segundo o relatório de 2018 da Carta Social existiam um total de 274 000 vagas em respostas socias para idosos (Serviço de Apoio Domiciliário [SAD], Centro de Dia e Estruturas Residenciais Para Idosos [ERPI]) sendo que destas existiam 100 000 vagas para ERPI. Diz-nos, também, este relatório que, ainda no ano de 2018, as vagas para ERPI apresentavam uma taxa de ocupação de 98%. Acerca do corrente ano não temos ainda dados, no entanto sabemos, como disposto no texto anterior, que o índice de envelhecimento tem crescido de ano para ano e, por isso, o número de pessoas idosas a fazer usos das vagas disponíveis também terá, expectavelmente, aumentado. Ora, apesar de parecer que foi ainda ontem, as restrições impostas aos nossos idosos, como medida de combate a propagação do Sars-Cov-2, já decorrem há praticamente 9 meses. Falamos de restrições de liberdade consideráveis nomeadamente a restrição da liberdade de sair do lar, de receber visitas (excepto o SAD que se antes do Covid já era consideravelmente insuficiente para suprir as necessidades dos idosos o que será agora…), de estar com família e amigos e, no fundo, da liberdade de dispor do seu tempo vital- seja ele muito ou pouco- e de aproveitar os seus dias da forma que lhes aprouver. E que consequências é que este tempo de “reclusão” terá sobre os 2.280.424 idosos portugueses? Como podemos ajudar a aliviar os efeitos tão profundos da solidão, do desalento e da aparente situação de abandono ainda que sob intenção de os proteger e salvaguardar? Bem a resposta imediata é óbvia: se realmente quisermos ajudar estes idosos em reclusão forçada teremos de ficar em casa sempre que for possível. Teremos de evitar os encontros de amigos no apartamento de um deles em que, se formos contar os que estamos, somos muitos mais do que devíamos. Teremos de evitar todas as situações que, parecendo inofensivas, continuam a ser fonte de propagação do vírus e avolumar de sentença para os mais velhos. Porque não basta gostar de velhinhos quando os continuamos a condenar a este castigo sem culpa alguma.
Ler mais »Dia mundial do idoso
Amanhã, dia 1 de outubro, celebra-se o Dia Mundial do Idoso, mas será que esta celebração faz sentido? Antes de mais é essencial compreender de que tipo de população estamos a falar. Em Portugal, em 2019 registou-se um aumento de 3.8% no índice de envelhecimento referente ao período homólogo do ano anterior. Em que é que isto se reflete na prática? Reflete-se em 17,3% da população de idosos que em 2018 apresentavam um elevado risco de pobreza após as receberem transferências sociais. Reflete-se, também, em 15,8% de idosos com uma taxa de intensidade de pobreza elevada. Estes números significam que 17,3% de idosos, mesmo após receber as transferências sociais que supostamente os ajudariam a sair da pobreza, têm de escolher entre gastar o pouco que têm na farmácia ou no supermercado. Significa, também que, 17,3% da população idosa não tem a vivência digna que todos nós achamos que têm. Quando a sociedade, quer em publicidades quer nas mais variadas formas de arte, faz referência a idosos mostra sempre pessoas muito bem tratadas, com uma qualidade de vida invejável, e com um sorriso enorme no rosto. Porque ninguém quer pensar nos idosos que vivem sem condições mínimas, sem dinheiro para comer ou até mesmo- porque não menos importante- sem qualquer companhia nas longas horas do dia. E com certeza alguns poderão ainda pensar que ao menos ainda têm alguma capacidade de cuidar de si próprios independentemente da idade. Mas o que fazer quando cruzamos os dados do risco de pobreza com as percentagens de idosos dependentes? É que em 2019, segundo o INE, 34,5% dos idosos, dos quais 29,9% homens e 38,7% mulheres, apresentavam uma elevada taxa de dependência. Como podemos então celebrar conscientemente o dia mundial do idoso sem que soe a hipocrisia? Como podemos celebrar o percurso de vida, os seus feitos e a alegria que é ter connosco os mais velhos se 15.8% vive com uma elevada taxa de pobreza? A estas perguntas não existem respostas certas. Existem apenas atitudes concretas que podemos pôr em prática todos os dias. Esta celebração, diária e consistente, passa muito por estar atento ao vizinho mais velho que todos os dias nos dá bom dia à entrada do prédio. Passa muito por ajudar as instituições de apoio aos idosos das nossas comunidades, das mais variadas formas nomeadamente através do voluntariado, para que possam continuar a trabalhar no apoio aos mesmos. A Home24 trabalha todos os dias para garantir que os idosos tenham a melhor qualidade de vida possível nas suas casas. Porque respeitar os mais velhos e as suas histórias é, no final das contas, respeitarmo-nos a nós próprios.
Ler mais »Férias
Agosto é, por excelência, o mês de férias. O mês em que uns aproveitam para procurar o sossego que o interior tem para oferecer e outros rumam a sul em busca do sol, da praia e das bolas de Berlim. Mas como é possível ir de férias descansado quando um dos nossos mais velhos fica? Como garantir que os cuidados são assegurados sem que nos sintamos culpados Em primeiro lugar é essencial reflectir sobre o processo de cuidados. O processo de cuidar de um familiar mais velho pode ser desgastante e fonte de stress. Como reflectido por Isabel Pereira e Abel Silva “O quotidiano da vida sofreu mudanças, que se traduziram no deixar de ter o que consideravam ser uma vida própria, dadas as repercussões nas diferentes Atividades de Vida Diária, em particular nas atividades como o Ocupar e Recrear, mas também em atividades como o Comer ou Dormir. A falta de tempo passou a ser uma preocupação constante, imprimindo ao quotidiano da vida novas exigências dando origem a novos significados. À escassez de tempo associou-se um novo ritmo, traduzido por “A Vida é uma agitação constante”, sentimento que também esteve presente nas expressões de “Ir e vir mais rápido”, ou “Não parar”. Surgiu o sentimento de perda de liberdade, por não poderem sair de casa, traduzindo uma das preocupações que também condicionara o quotidiano da vida.” (cit Pensar Enfermagem Vol. 16 N.º 1). Ora mesmo quando há um cuidador formal envolvido a família nunca fica desvinculada destes cuidados. O processo de acompanhar a velhice dos que amamos nunca deixa de ser um desafio constante às nossas expectativas e à ideia de que os mais velhos deveriam permanecer como sempre os conhecemos. Como encontrar o equilíbrio entre a responsabilidade do cuidar do outro e a necessidade de cuidar de nós mesmos? Em primeiro lugar é preciso racionalizar os cuidados. É claro que estamos emocionalmente envolvidos, mas é importante que nos perguntemos: “o meu mais velho tem alguém que garanta estes cuidados enquanto estou fora?”, “Há uma relação de confiança e empatia que me dê segurança para ir de férias?”. Se as respostas forem sim então o trabalho a fazer é alcançar a compreensão de que também nós, cuidadores, precisamos de descansar, de um espaço próprio com os nossos e de nos afastarmos um pouco para recuperar forças. É claro que podem surgir sentimentos de culpa e de egoísmo por não o levarmos connosco. Mas é essencial que possam existir momentos em que possamos ser cuidadores de nós próprios. Não sinta que está a tratar a pessoa como um fardo, mas lembre-se que está a cuidar de si para que possa ser um melhor cuidador. Se a resposta for negativa talvez seja necessário procurar ajuda. Nestes casos é importante não se depender apenas de uma pessoa, mas de uma equipa especializada que nos garanta que mesmo que a cuidadora tenha algum problema os cuidados ao nosso mais velho ficam assegurados. E é isso que a home24 se dispõe a fazer o ano inteiro. A aliviar este stress constante da gestão dos cuidados de quem amamos e a garantir que, com os melhores cuidados, o seu mais velho tem uma melhor qualidade de vida. Para ajudar com todas estas questões, e porque durante as férias muitos de nós aproveitam para pôr a leitura em dia, recomendo os seguintes livros: “Os meus pais estão a envelhecer” de Maria José Núncio e Carla Rocha. Este é um manual prático e muito útil de como gerir os cuidados dos mais velhos e como lidar com todas as questões práticas e emocionais do mesmo. Um outro livro que é também muito útil é “Manual de Envelhecimento Ativo” de Oscar Ribeiro e Maria Constança Paúl que, como o próprio nome indica, é um guia prático de como alcançar o melhor processo de envelhecimento possível bem como conselhos úteis para a sua prática. Boas férias!
Ler mais »Dia dos avós
Ler mais »Novas realidades
No texto passado vimos como é importante apoiar os nossos mais velhos neste regresso a uma “normalidade” diferente. A verdade é que todos nós estamos um pouco expectantes sobre o futuro e a forma como as relações se vão ajustar a estas novas regras. Nos últimos dias ouvi dois desabafos que refletem precisamente sobre as alterações das relações. O primeiro era qualquer coisa como: “a minha mãe achava que eu estava a usar máscara por ter medo do que ela me pudesse pegar. Ficou muito ressentida pela ausência de cumprimentos e de visitas dos netos”. Por outro lado, ouvi também uma senhora, dos seus 80 anos, dizer que o que lhe tem custado mais nestes últimos meses é precisamente este afastamento dos filhos e dos netos que agora a parecem forçar a um isolamento desprovido de afectos. A verdade é que o medo de sermos transmissores deste vírus alterou profundamente a forma como nos relacionamos. Se visitamos os nossos mais velhos vamos a medo, cheios de cuidados, mantendo sempre a distância e a pressa para que o contacto seja o mais breve e seguro possível. Mas surge aqui uma questão: e a segurança psicológica do nosso mais velho? Abraham Maslow desenvolveu nos anos 50 uma teoria humanista que pode ser resumida na famosa pirâmide das necessidades do ser humano. O nosso foco será no terceiro patamar da pirâmide que são as necessidades sociais. As necessidades sociais são as necessidades do indivíduo manter relações humanas harmoniosas e de se integrar na sociedade. As necessidades de estima englobam o reconhecimento das capacidades do indivíduo (por ele e pelos outros) e a necessidade de respeito e orgulho. Por fim, as necessidades de auto-realização são as do aproveitamento de todo o potencial do indivíduo, necessidade de crescimento (ligada à necessidade de estima) e a necessidade que o indivíduo tem de fazer o que gosta e quer. Durante os últimos meses todos nós fizemos um esforço para que as primeiras necessidades da tabela de Maslow, sendo as primeiras fisiológicas e as segundas a segurança, fossem colmatadas às custas das necessidades sociais. Como poderemos então garantir que as três são mitigadas? Há muitas formas de demonstrar afetos mesmo à distância. Os netos podem fazer visitas mais demoradas nas quais conversam com os avós sobre os temas pelos quais tenham gostos comuns e os incentivem a manter actividades das quais gostem. Se a avó sempre gostou de cozinhar porque não deixá-la preparar um almoço para a família, não descuidando os cuidados de higiene necessários, para comerem juntos ou até mesmo para levar? Se o avô tem vontade de mostrar a coleção de selos ou contar as histórias do passado porque não lhe fazer companhia com ajuda da videochamada? Este equilíbrio entre as necessidades várias não é fácil e com certeza algumas coisas funcionarão melhor que outras. O essencial é que os nossos mais velhos se sintam úteis, importantes e valorizados. Para que nenhum deles sinta que a família não os quer como queria e que a incerteza destes tempos os sobrecarregue mais do que é necessário.
Ler mais »