Férias

Agosto é, por excelência, o mês de férias. O mês em que uns aproveitam para procurar o sossego que o interior tem para oferecer e outros rumam a sul em busca do sol, da praia e das bolas de Berlim. Mas como é possível ir de férias descansado quando um dos nossos mais velhos fica? Como garantir que os cuidados são assegurados sem que nos sintamos culpados Em primeiro lugar é essencial reflectir sobre o processo de cuidados. O processo de cuidar de um familiar mais velho pode ser desgastante e fonte de stress. Como reflectido por Isabel Pereira e Abel Silva “O quotidiano da vida sofreu mudanças, que se traduziram no deixar de ter o que consideravam ser uma vida própria, dadas as repercussões nas diferentes Atividades de Vida Diária, em particular nas atividades como o Ocupar e Recrear, mas também em atividades como o Comer ou Dormir. A falta de tempo passou a ser uma preocupação constante, imprimindo ao quotidiano da vida novas exigências dando origem a novos significados. À escassez de tempo associou-se um novo ritmo, traduzido por “A Vida é uma agitação constante”, sentimento que também esteve presente nas expressões de “Ir e vir mais rápido”, ou “Não parar”. Surgiu o sentimento de perda de liberdade, por não poderem sair de casa, traduzindo uma das preocupações que também condicionara o quotidiano da vida.” (cit Pensar Enfermagem Vol. 16 N.º 1). Ora mesmo quando há um cuidador formal envolvido a família nunca fica desvinculada destes cuidados. O processo de acompanhar a velhice dos que amamos nunca deixa de ser um desafio constante às nossas expectativas e à ideia de que os mais velhos deveriam permanecer como sempre os conhecemos. Como encontrar o equilíbrio entre a responsabilidade do cuidar do outro e a necessidade de cuidar de nós mesmos? Em primeiro lugar é preciso racionalizar os cuidados. É claro que estamos emocionalmente envolvidos, mas é importante que nos perguntemos: “o meu mais velho tem alguém que garanta estes cuidados enquanto estou fora?”, “Há uma relação de confiança e empatia que me dê segurança para ir de férias?”. Se as respostas forem sim então o trabalho a fazer é alcançar a compreensão de que também nós, cuidadores, precisamos de descansar, de um espaço próprio com os nossos e de nos afastarmos um pouco para recuperar forças. É claro que podem surgir sentimentos de culpa e de egoísmo por não o levarmos connosco. Mas é essencial que possam existir momentos em que possamos ser cuidadores de nós próprios. Não sinta que está a tratar a pessoa como um fardo, mas lembre-se que está a cuidar de si para que possa ser um melhor cuidador. Se a resposta for negativa talvez seja necessário procurar ajuda. Nestes casos é importante não se depender apenas de uma pessoa, mas de uma equipa especializada que nos garanta que mesmo que a cuidadora tenha algum problema os cuidados ao nosso mais velho ficam assegurados. E é isso que a home24 se dispõe a fazer o ano inteiro. A aliviar este stress constante da gestão dos cuidados de quem amamos e a garantir que, com os melhores cuidados, o seu mais velho tem uma melhor qualidade de vida. Para ajudar com todas estas questões, e porque durante as férias muitos de nós aproveitam para pôr a leitura em dia, recomendo os seguintes livros: “Os meus pais estão a envelhecer” de Maria José Núncio e Carla Rocha. Este é um manual prático e muito útil de como gerir os cuidados dos mais velhos e como lidar com todas as questões práticas e emocionais do mesmo.  Um outro livro que é também muito útil é “Manual de Envelhecimento Ativo” de Oscar Ribeiro e Maria Constança Paúl que, como o próprio nome indica, é um guia prático de como alcançar o melhor processo de envelhecimento possível bem como conselhos úteis para a sua prática. Boas férias!