Ficar em casa
Desde dezembro que ouvimos rumores de um novo vírus na china que, inicialmente, afectou apenas 50 pessoas. Para sermos verdadeiros a realidade é que nós, europeus, não ligamos muita importância às notícias que nos chegavam do oriente. Com a grande intensidade de tráfego aéreo, em negócios ou em lazer, este novo vírus chegou, no final do mês de janeiro, a território europeu. A partir dai a OMS declarou, a 11 de março, o Covid-19 uma pandemia. Os grupos de maior risco são os idosos e as pessoas com doenças crónicas e por isso há regras mais restritivas para estes grupos sendo as mesmas descritas no decreto n.º 2-A/2020 resultante da presidência de conselho de ministros. O artigo 4º diz o seguinte: “Ficam sujeitos a um dever especial de proteção: a) Os maiores de 70 anos; (…)2 — Os cidadãos abrangidos pelo número anterior só podem circular em espaços e vias públicas, ou em espaços e vias privadas equiparadas a vias públicas, para algum dos seguintes propósitos: a) Aquisição de bens e serviços; b) Deslocações por motivos de saúde, designadamente para efeitos de obtenção de cuidados de saúde; N.º 57 20 de março de 2020 Pág. 11-(7) Diário da República, 1.ª série c) Deslocação a estações e postos de correio, agências bancárias e agências de corretores de seguros ou seguradoras; d) Deslocações de curta duração para efeitos de atividade física, sendo proibido o exercício de atividade física coletiva; e) Deslocações de curta duração para efeitos de passeio dos animais de companhia; f) Outras atividades de natureza análoga ou por outros motivos de força maior ou necessidade impreterível, desde que devidamente justificados”. É neste artigo que reside a maior dificuldade de todas: manter os nossos mais velhos em casa. Como o fruto proibido é sempre o mais apetecido agora é o momento em que a grande maioria dos mais velhos quer muito ir passear e andar na rua. No entanto esta é a altura de sermos racionais e de usarmos o bom senso. Caso a residência onde more o seu mais velho tenha jardim podem usar o jardim para fazer uma pequena caminhada e apanhar ar. Se morar num apartamento é possível, segundo o decreto, dar um pequeno passeio. No entanto por uma questão de prevenção o melhor é pensar em actividades que se possam fazer dentro de casa e que estimulem cognitivamente os mais velhos. É imperativo que evitem as notícias todo o dia porque só contribui para o desenvolvimento de ansiedade e nervosismo numa situação já de si delicada. Mantenha o contacto com netos e familiares através da tecnologia disponível e oiça com atenção os medos e os desabafos que possam surgir. É muito importante que não se dê espaço ao surgimento de sentimentos de solidão. O foco principal durante todo este tempo, que ninguém sabe quanto será, é manter a esperança de que tudo isto vai passar. A esperança de que passando esta tormenta daremos mais valor ao estarmos presentes e nos podermos abraçar. A esperança de que continuaremos esta onda de solidariedade e cuidado com o outro porque só assim poderemos ser uma sociedade mais feliz. Deixarei alguns links úteis para lidarmos melhor com esta situação. No próximo texto espero que seja possível escrever sobre o fim de tudo isto até lá fique em casa!