O natal não é só das crianças

No último texto reflectimos sobre a história de vida de cada um e a importância de não só a conhecermos como de a respeitarmos. Vimos também que para muitos as tradições e os costumes são importantes. Aqueles pequenos ritos que “toda a vida foram assim” são de grande relevância na vida dos mais velhos. Tal como reflete Leny A. Bonfim no livro Família contemporânea e saúde: significados, práticas e políticas: “É possível observar uma revolução silenciosa na demografia intergeracional da vida familiar. Há uma maior possibilidade do idoso hoje fazer parte de uma família que inclui quatro ou cinco gerações, com menor número de membros por geração. Além disso, o número de anos assumindo papéis familiares aumentou dramaticamente (…)”. Estas transformações sociais têm influenciado os hábitos familiares, alterando antigos costumes arraigados. Este novo comportamento passa a ser aceite como uma nova cultura, as famílias incentivadas pela sociedade admitem como necessidade que “os mais jovens também precisam de viver a sua vida” ou “os velhos já viveram a sua”. E sobre esta questão é preciso ter algum cuidado.  Não existem fórmulas para um natal perfeito e muito menos existem tipos familiares homogéneos sobre as quais se possam alvitrar soluções ideais. Mas, na dúvida, se precisar de fazer alterações ao que é habitual na forma como o seu familiar mais velho vive o Natal não se esqueça de uma ferramenta essencial: a comunicação. Converse com o mesmo e envolva-o nas decisões. Não o convide apenas para a ceia para que o mesmo não tenha trabalho. Se a sua mãe/sogra/tia/avó está habituada a ser a impulsionadora das festas e organizadora deixe-a participar (ainda que com possíveis dificuldades inerentes ao seu processo de senescência). Porque o respeito pelos elementos mais velhos da família não passa apenas em tê-lo à mesa com um lugar de maior destaque. Passa, antes, pelo respeito pelas suas opiniões e gostos pessoais. Passa, essencialmente, pelo processo comunicativo que lhe diga, entrelinhas, que o mesmo ainda é essencial à realização das festas e em última instância à família. Não permita que por cuidado excessivo o mesmo se sinta apenas um espectador passivo das festividades. Neste natal ofereça o presente perfeito a quem já teve tantos natais…o seu carinho! Boas festas a todos e até para o ano!