Cuidador formal

Quando nos deparamos com a necessidade de ter um cuidador formal, no domicílio, há várias questões que se levantam. Quem vai ser a cuidadora (já vimos anteriormente que a grande maioria das pessoas nesta profissão são mulheres)? Como vai o pai/mãe reagir a esta nova presença? Como vamos organizar os cuidados? Como gerir as expectativas e encarar as possíveis falhas? Antes de mais importa definir “cuidador formal”. O cuidador formal é o profissional que presta cuidados aos idosos, de acordo com a sua profissão, recorrendo às competências adquiridas em sequência de uma formação específica, para os quais aufere uma quantia. Este cuidador deve reger-se, desejavelmente, pelos princípios básicos do respeito pela dignidade humana intrínseca à pessoa a ser cuidada. Este respeito dita que os cuidados sejam administrados à medida daquela pessoa, isto é, apesar de existirem procedimentos estandardizados que idealmente servem para todos deve sempre existir o cuidado de adaptar os mesmos à situação particular da pessoa recipiente de cuidados. Porque cada um é único e tem necessidades próprias.  Como é natural em todas as relações humanas as primeiras impressões são muito importantes naquilo que será a relação que se estabelecerá. Importa, também, compreender que quando os cuidados prestados ao idoso, na impossibilidade de serem feitos pelos familiares ou outros no contexto domiciliário há que atender a características específicas do contexto que “ditam” atitudes também elas específicas: a habitação e as recordações a ela associadas alcançam, no idoso, uma importância aumentada, verificando-se um aumento da permanência na habitação com a idade; cada móvel ou objecto tem um significado. A atitude da cuidadora tem de atender a isto. Portanto a escolha da cuidadora deve sempre passar por encontrar alguém que possa responder não só às necessidades físicas do idoso, mas também às necessidades psicossociais do mesmo. Após esta escolha ser realizada existe sempre um período inicial em que ocorreram alguns ajustes e naturalmente alguns mal-entendidos de vontades que muitas vezes são vistos como falhas. Como já foi referido anteriormente cada pessoa é um ser único e o processo de estabelecimento de intimidade e de rotina de cuidados leva algum tempo a ser estabelecido e ajustado. Com o tempo a cuidadora passará a ser também uma pessoa próxima e querida. Este estreitar de laços é muito importante para que os cuidados sejam recebidos de forma mais natural. Acontece por vezes nesta fase o uso de expressões tidas como infantis que visam reflectir o carinho e a proximidade que é desenvolvida no contacto prolongado com a pessoa idosa, sendo paralelamente uma forma de estabelecer um contacto de maior proximidade e familiaridade. Esta é uma questão importante como frisado antes nem todos os idosos são iguais e por isso nem todos reagem da mesma forma a este tipo de familiaridade. Será esta nova relação o suficiente para mitigar o sentimento de solidão de que muitos idosos sofrem? Veremos isso no próximo texto, até la!


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